Páginas

terça-feira, 18 de maio de 2010

Meu Olhar

              "O meu olhar é nítido como um girassol"...
      
Tenho o costume de andar pelas estradas 
Olhando para a direita e para a esquerda, 
E de vez em quando olhando para trás... 
E o que vejo a cada momento 
É aquilo que nunca antes eu tinha visto, 
E eu sei dar por isso muito bem... 
Sei ter o pasmo essencial 
Que tem uma criança se, ao nascer, 
Reparasse que nascera deveras... 
Sinto-me nascido a cada momento 
Para a eterna novidade do Mundo...
    Creio no mundo como num malmequer,  Porque o vejo.  Mas não penso nele  Porque pensar é não compreender...  O Mundo não se fez para pensarmos nele  (Pensar é estar doente dos olhos)  Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...  Eu não tenho filosofia; tenho sentidos...  Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,  Mas porque a amo, e amo-a por isso  Porque quem ama nunca sabe o que ama  Nem sabe por que ama, nem o que é amar...  Amar é a eterna inocência,  E a única inocência não pensar...
    Alberto Caeiro, em "O Guardador de Rebanhos", 8-3-1914
    [heteronômio de Fernando Pessoa]

6 comentários:

Priscilla disse...

Que lindo!!!
Boa semana pra vc!
bju

Unknown disse...

:) Lindo mesmo Pri!
Um beijo querida, boa semana!

Eduardo Medeiros disse...

Lu, Fernando Pessoa é sempre uma agradável leitura.

"Amar é a eterna inocência, E a única inocência não pensar..."

é isso...

abraço

Daniel Dragomirescu disse...

Un blog muy interesante. Congratulaciones, querida Lucilene!
Daniel D. Peaceman, escritor y editor de CHMagazine

Unknown disse...

:) É sim Edu, querido amigo!
Obrigada por vir aqui sempre.

Abração.

Unknown disse...

Hola Daniel,

:) Gracias querido, es mui bienvenido!

Abrazos y saludos.

Related Posts with Thumbnails
Share |